Eu sou uma imensidão de areia solta. Eu sou o deserto do Saara, o deserto do Atacama, não chove nunca, não adianta esperar nem rezar pros deuses. Eu sou o deserto de Gobi, de Nairobi. Fósseis, se tanto, eu acabei com a vida que existia em mim. Eu sou o deserto de Kara Kum, onde a areia é vermelha. Em mim não existe cor, a areia não é vermelha, nem marrom. Nem o céu é azul de dia e negro de noite. Eu sou um deserto e fiz minhas próprias cores. Eu sou o deserto polar, gelo desgelo. Nem a neve existe em mim, eu matei a água, tirei tudo que existe. Eu só sou areia, um pó, resquício do que antes havia, uma grande montanha que lutou contra mim e perdeu. Ventos fortes que não agüentam o percurso. Eu não tenho fim.
Tente olhar para mim, tente ver alguma coisa. Não existe fim, nem longe. Uma visão parada e forte, que não é feia nem bonita. Eu sou o vale da lua, da vida inexistente. Não existe som, apenas um sonido constante que eu faço para o nada que eu fiz.
Eu era frio de noite, muito frio de derrubar o ar. Era quente de dia, sol a pino que perturbava a terra, craqueava, cortava, rachava e estalava. Eu matei o sol e a noite. O sol desistiu de fazer calor e a noite desistiu de fazer frio e trazer a lua cheia. Eu tenho muito tempo, eu não tive começo.
Eu falei que não tenho cores? Tenho, diferentes tons de uma cor inexistente, morta. Tom aquele que a cor toma quando desiste de tentar. Ninguém vê. Nenhum animal, nenhum explorador, nenhuma planta, nenhuma água. Nenhum movimento. Eu só tenho o movimento da Terra em rotação, e do tempo. O tempo é meu único amigo. Eu sou bem parecido com o tempo e o barulho que ele faz nas minhas montanhas de areia e rocha é a música que eu toco.
Eu também não tenho onde.
Eu também não tenho o que fazer. Já fiz tudo, tenho tal força que acabo com tudo que respire. A areia seca. Qualquer coisa que tente mudar. Só o tempo, meu amigo. Ele consegue, bem como eu gosto, quase como eu mando. Devagar, bem aos pouquinhos, areia por areia, grão por grão, meus criados.
Eu mato a vida, mas a morte habita em mim, o nada. Wilderness. Há elementos da morte que se mexem, movimentos rápidos e precisos. Eu sou um deserto de fora e sem horizonte. Eu sou um deserto.
Tente olhar para mim, tente ver alguma coisa. Não existe fim, nem longe. Uma visão parada e forte, que não é feia nem bonita. Eu sou o vale da lua, da vida inexistente. Não existe som, apenas um sonido constante que eu faço para o nada que eu fiz.
Eu era frio de noite, muito frio de derrubar o ar. Era quente de dia, sol a pino que perturbava a terra, craqueava, cortava, rachava e estalava. Eu matei o sol e a noite. O sol desistiu de fazer calor e a noite desistiu de fazer frio e trazer a lua cheia. Eu tenho muito tempo, eu não tive começo.
Eu falei que não tenho cores? Tenho, diferentes tons de uma cor inexistente, morta. Tom aquele que a cor toma quando desiste de tentar. Ninguém vê. Nenhum animal, nenhum explorador, nenhuma planta, nenhuma água. Nenhum movimento. Eu só tenho o movimento da Terra em rotação, e do tempo. O tempo é meu único amigo. Eu sou bem parecido com o tempo e o barulho que ele faz nas minhas montanhas de areia e rocha é a música que eu toco.
Eu também não tenho onde.
Eu também não tenho o que fazer. Já fiz tudo, tenho tal força que acabo com tudo que respire. A areia seca. Qualquer coisa que tente mudar. Só o tempo, meu amigo. Ele consegue, bem como eu gosto, quase como eu mando. Devagar, bem aos pouquinhos, areia por areia, grão por grão, meus criados.
Eu mato a vida, mas a morte habita em mim, o nada. Wilderness. Há elementos da morte que se mexem, movimentos rápidos e precisos. Eu sou um deserto de fora e sem horizonte. Eu sou um deserto.